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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Tatuagem pode ser um ponto negativo na hora de conseguir um emprego.



Profissional deve estar ciente de que algumas empresas de setores tradicionais podem ter restrição ao desenho.

Rossini Gomes 

Algumas empresas têm resistência em aceitar em seu quadro de funcionários pessoas tatuadas ou com piercings. É claro que esse não deve ser o único critério de seleção ou desclassificação de um candidato. Mas é fato que corporações de setores mais tradicionais, como direito e engenharia, costumam ter restrições com a tatuagem. Então, caso o futuro profissional ainda não tenha feito o primeiro desenho, vale pensar se o perfil do emprego que deseja condiz com o adorno.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

Para evitar problema no trabalho, Manuela Melo costuma 
cobrir os desenhos do corpo

Enquanto empresas de áreas como comunicação, marketing, design, publicidade e programação estão mais propensas a aceitar funcionários tatuados, escritórios de advocacia e entidades médicas, por exemplo, têm certa resistência. “É por causa do segmento dos negócios. Não é recomendável, por exemplo, que um advogado use piercing num tribunal. É aconselhável que ele tire o objeto”, analisa a sócia e consultora da Ágillis RH, Eline Nascimento.


O tamanho e o local da tatuagem podem ser fatores desfavoráveis para quem pretende entrar no mercado de trabalho. Como as pinturas são feitas, na maioria das vezes, na juventude, e ainda não se sabe a área e o local de trabalho, é bom fazer em locais que possam ser cobertos pela roupa. “Não há problema em fazer, mas é preciso ter cuidado com a exposição, até porque não temos como controlar o preconceito das pessoas no dia a dia”, esclarece Eline.

Durante uma entrevista de emprego, ela aconselha ir com uma roupa que não mostre a pintura. “E não precisa dizer que tem, isso não é relevante. Importante são as competências, a experiência e a habilidade para aprender”, destaca, salientando que caso a tatuagem seja critério de avaliação profissional, é possível entender a decisão como “preconceito social”.

Integrante de um grupo de Pesquisa em Redes e Telecomunicações da Universidade Federal de Pernambuco (UPFE), Manuela Melo, 42 anos, começou a tatuar o corpo em novembro de 2005, quando já estava nesse emprego. Nove anos depois, ela já soma 15 desenhos, espalhados pelos braços, costas, panturrilhas, perna e pé. “Como comecei a fazer no emprego e continuo nele, não sei se teria dificuldade em encontrar outro”, diz. Apesar disso, ela é prudente. “Costumo usar calças e saias e blusas longas para não chocar, porque sei que algumas pessoas não veem com bons olhos. Quando as pessoas do trabalho me veem na rua, com outra roupa e com as tatuagens à mostra, ficam surpresas”, conta.

Para Manuela, o preconceito está diminuindo. “Hoje melhorou muito o conceito em relação a isso. Acho que por causa dos artistas que usam. Isso faz as pessoas não recriminarem. Para mim é uma bobagem, é como se fosse uma vestimenta”, diz.

“Recomendamos que as empresas não discriminem candidatos por causa da tatuagem. Afinal, seria o mesmo que escolher um profissional apenas pelo fato de ele ser homem ou mulher, ou ser jovem ou velho. Elas devem estar mais focadas na competência do profissional”, destaca a consultora.

POLÊMICA TAMBÉM NOS CONCURSOS - Assim como no mercado de trabalho a polêmica da tatuagem ainda persiste no universo dos concursos públicos. Algumas instituições apontam em seus editais restrições quanto ao uso dos desenhos no corpo. Na avaliação da especialista em concurso público e proprietária do SOS Concurseiro, Letícia Nobre, a discriminação é feita por motivos ilógicos. “A capacidade profissional da pessoa não é determinada por uma tatuagem. Não vejo problema algum”, defende.

Fonte: NE10