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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Mamãe quer que eu trabalhe



Alguns pais ultrapassam os limites e se envolvem nos processos seletivos dos filhos. Confira algumas histórias.

Imagine a cena: a consultora vai até a recepção chamar os selecionados para entrar na sala de dinâmica e entre os jovens nota a presença de uma senhora. Seria uma candidata mais velha? Não, apenas alguma mãe que veio acompanhar o filho no processo seletivo. Enquanto os participantes entram, a mãe fica sentada, pacientemente esperando.  

Apesar de parecer estranho, o caso é comum no dia-a-dia dos selecionadores. Por costume, cuidado excessivo ou falta de tato, pais e mães ainda se intrometem na rotina dos filhos quando eles estão iniciando a vida profissional. 

Fernanda Montero, consultora da Cia de Talentos, destaca que o público dos programas de estágio e trainee não necessita tanto dos pais para se locomover ou participar das etapas. “Essa situação pode demonstrar algum tipo de dependência e, nesse momento, seria bacana os jovens terem autonomia”, diz. Ao mesmo tempo, Fernanda ressalta que em nenhum momento a presença ou não de familiares é avaliada durante o processo. 

Outra situação recorrente ocorre quando a consultora liga para o candidato para comunicar sobre uma vaga ou um processo em aberto e mãe responde pelo filho. “Tem mãe que diz logo que ele não vai querer a vaga, porque já tem um estágio ou pela localização da empresa. Algumas nem sabem que o filho já estava participando do processo e falam que ele não tem interesse”, conta Roberta Pelosini, também consultora da Cia de Talentos. 

Em geral, as consultoras não insistem e nem voltam a telefonar. “Se o jovem entrar em contato e disser que tem interesse, damos prosseguimento à seleção. No entanto, quando se trata de um assunto urgente, como o agendamento de uma entrevista, ele pode acabar perdendo a vaga”, afirma Roberta. 

Para Fernanda, o candidato precisa deixar claro em casa que deseja receber as oportunidades e que as decisões sobre a carreira cabem somente a ele. “Deixar na mão dos pais e permitir que eles resolvam é um indicador de que, talvez, o jovem não esteja tomando as rédeas da vida profissional”, considera. 

Pressão por resultados – Certa vez, um pai entrou em contato com Fernanda e pediu o status do filho em todos os processos em que ele estava concorrendo. “Cada vaga que o menino não era aprovado, o pai ligava questionando, dizendo que o menino tinha inglês fluente, intercâmbio, uma boa faculdade”, lembra.

“Os pais precisam saber que não conseguirão influenciar os resultados”, afirma. Além disso, Fernanda conta que as consultoras dão total abertura para os candidatos entrarem em contato e entenderem o que está acontecendo. 

De acordo com ela, os pais podem incentivar que os filhos venham atrás das informações e saibam resolver seus problemas sozinhos. “Quem tem que pedir feedback são os próprios candidatos”, conclui. 
 
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