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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Exposição em redes sociais pode contribuir ou prejudicar vida profissional?


Por Adan Soares

A rede social é “a mocinha” ou a “vilã” da sua vida profissional? Em um cenário no qual os internautas estão cada vez mais preocupados com a sua imagem no mundo virtual, a tendência é de que ela seja uma grande aliada. Isso porque a exposição, antes pessoal, passa a dar lugar a uma vertente mais profissional. Segundo pesquisa da F-Secure, empresa de soluções de segurança para o espaço digital, 86% dos brasileiros se preocupam com dados pessoais em sites de relacionamento e 43% consideram estar “perdendo o controle” sobre informações compartilhadas nessas redes.

Outros dados apontam que 81% dos brasileiros têm receio em relação a quem acessa suas fotos e vídeos e 75% dos participantes preocupam-se com o backup das suas informações. Para o diretor-presidente da Webconsult, Leornado Bortoletto, a mudança de comportamento é justificada pela percepção dos usuários com relação ao poder que cada informação tem para transformar para o bem ou para o mal a vida pessoal, e, principalmente, profissional de cada um. Por isso, a recorrente dica de pensar antes de postar fotos e comentários em qualquer espaço virtual volta à cena.

Bortoletto comenta que ao optar pela circulação de seu currículo via internet (como no LinkedIn, por exemplo), o candidato fica vulnerável a ser submetido a uma segunda etapa na qual as empresas costumam humanizar e confirmar as informações dadas por meio de redes sociais. “Ao fazer um currículo às pessoas são mais tendenciosas, então é comum o cruzamento de informações daquilo que a pessoa escreve em seu currículo com o que é dito e feito por ela na internet para checar a veracidade das informações”, diz.

Fotos, vídeos e comentários são verificados pelas empresas de recrutamento e seleção, mas também pelos próprios colegas do círculo de trabalho. A principal dica para quem é usuário de redes sociais é para que se relacione e se posicione diante de assuntos pertinentes ao seu dia a dia, mas com ponderação.

Para fazer uso de forma sadia, o primeiro passo é definir o objetivo para o qual vai se expor em uma rede social, se vai utilizá-la para fins pessoais ou profissionais. O segundo é sempre filtrar as informações antes de publicá-las. “O problema não é a rede, e sim a falta de bom senso de algumas pessoas que usam as redes sem tomar ciência do alcance das informações”, pondera Bortoletto.

Indicação

Como profissional de recursos humanos, João de Avelar Andrade, coordenador do curso de tecnologia em gestão de recursos humanos do Centro Universitário Newton Paiva, observa mudança muito rápida na indicação de pessoas para o mercado de trabalho. “Antes ela acontecia por carta de recomendação ou por meio de contatos do dia a dia. Mas estamos vendo essa indicação migrar para as redes sociais”, afirma. Algumas empresas, diz, têm uma pessoa especificamente para fazer busca nas redes sociais de candidatos e empregados, como LinkedIn, Facebook e Twitter.

A consultora de recursos humanos Sara Rios alerta que são necessários cuidados com as informações divulgadas na rede. “Elas compõem o perfil, caráter e valores da pessoa. Tudo isso é avaliado”, diz. “É preciso cuidado com o que você curte”, completa Hegel Botinha, diretor comercial do grupo Selpe.

Ele afirma que já presenciou caso em que um executivo perdeu uma vaga porque divulgou na rede que gostava de esportes radicais. “Como a oportunidade era para empresa de seguros, eles acharam que não era recomendado contratar a pessoa com esse perfil”, diz Botinha.

Sem separação Com as redes sociais funcionando como uma extensão da vida real da pessoa é difícil separá-la do mundo profissional, avalia Thiago Miqueri, diretor da Plan B Comunicação, empresa da área digital. “Você não consegue reunir 400 amigos na mesa de boteco para discutir sobre política. É uma oportunidade de se posicionar, pois sua opinião é amplificada”, observa. Para ele, cada profissão tem um grau de importância nesse ambiente. “Os publicitários, por exemplo, aproveitam para saber quais iniciativas estão influenciando sua rede.”

Outras profissões também têm as redes sociais como aliadas, avalia Andrade. “Muitos movimentos sociais começam pelas redes. Se um policial está acompanhando as tendências nas redes sociais, pode conseguir neutralizar muitas ações”, afirma Andrade. No caso dos professores, diz, há um retorno maior do que está ocorrendo no ambiente acadêmico. “E para os profissionais de moda, as comunidades sugerem o que está em alta no gosto do público”, avalia. A sua principal dica para o profissional que está na rede é a seguinte: “Não faça na rede social o que não faria no mundo real”.

Atenção para excessos

Na contramão do comportamento da maioria dos usuários está o consultor em gestão de negócios Michel Souza, que desde que criou perfis no Facebook, Twitter, Thumblr e LinkedIn optou por dar um tratamento menos pessoal às ferramentas. “Não adiciono parentes e evito adicionar colegas de trabalho porque não acho interessante perder posicionamento diante dessas pessoas”, explica. “Não deixo de postar o que quero, mas penso duas vezes antes de emitir minha opinião sobre qualquer assunto”, acrescenta. Michel comenta que o perfil mais interessante é daquele se expressa utilizando informações relevantes sobre a sua área de atuação.

Um dos bons exemplos da rede é o da professora universitária Vânia Myrrha, que usa o Facebook, o Twitter, um blog e o LinkedIn para se relacionar com seus alunos. Nada formal Vânia mantém a mesma postura nas redes, mas “sem confundir as coisas”. Na internet, compartilha conteúdo extra de suas aulas, manda recados para alunos e até recebe trabalhos acadêmicos, mas tudo sem deixar a amizade de lado. “Não é porque sou professora que preciso ser sisuda, dá para manter uma boa relação com eles”, garante. “Posto fotos pessoais, mas tudo com moderação”, completa. Para a professora, o ideal é que as pessoas consigam utilizar todas as potencialidades da ferramenta sem se exceder e aproveitando as oportunidades de relacionamento e profissionais que surgem do contato virtual.

Já a médica Melissa Machado Viana é adepta de várias redes sociais: LinkedIn, Facebook, Twitter e Research Gate. Ela é especializada em genética e conta que as redes são usadas tanto para a parte profissional quanto pessoal. “Na minha área é preciso ter muito contato para saber o que está acontecendo de novo”, afirma.