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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Estágio: o início de sua carreira

Por Ruy Leal

A melhor porta de entrada do jovem ao mercado de trabalho, sem dúvida, é a realização de um bom estágio. Ele permite ao estudante que passe a vivenciar um mundo desconhecido, o meio empresarial, sem que seja tratado e cobrado como um profissional. Com certeza, se o estudante souber compreender esse cenário e a empresa também, esse jovem talento acadêmico poderá aprender que, na prática, a teoria tem diversas facetas, e ele precisará saber trabalhar com essa realidade.
Para você, estudante, que está saindo para o seu primeiro contato com o mercado de trabalho, em busca de sua vaga de estágio, sem pretensão, apresento algumas dicas que podem ser úteis para o seu êxito em sua nova etapa de vida:
1. O mercado de trabalho não contrata amadores
Contando ou não com um agente de integração para ajudá-lo na identificação de uma oportunidade de estágio, você deve fazer a sua parte. O meio empresarial possui seus códigos de conduta e de comunicação, bem diferentes daqueles que domina vinculados aos meios educacional e familiar. Estude esse mundo, que ainda é novo para você, navegue pela Internet, entenda mais as empresas, como funcionam, seus valores e o que valorizam em seus colaboradores.
2. O mercado de trabalho não aceita alienados
Os selecionadores estão cada vez mais rigorosos e atentos com os candidatos a vagas de estágio. Verificam durante o processo seletivo como o jovem “surfa” no que acontece no mundo. Saberão valorizá-lo se perceberem que você é antenado, se procura se posicionar em função dos acontecimentos e está disponível para contribuir e realizar.
3. Você será contratado pelo seu preparo acadêmico e comportamental
Em qualquer empresa, minimamente organizada, haverá atenta verificação de sua condição acadêmica, mas, acima de tudo, total atenção em como está o seu preparo comportamental. Habilidades como inteligência emocional, trabalho em equipe, criatividade voltada para a inovação, relacionamento interpessoal, espírito cooperativo, confiança no próprio “taco” e coragem para assumir riscos, são amplamente valorizados. Arrogância e autossuficiência reprovam.
4. O seu currículo é importante, mas o seu plano de vida é decisivo
Dica de ouro para você: o seu currículo levará o seu nome até a porta da empresa. Para entrar, você necessitará de seu plano de vida. As empresas estão valorizando os candidatos que possuem esse importantíssimo instrumento de orientação pessoal para o futuro. Se houver compatibilidade entre o que o candidato quer para o seu futuro com os planos da empresa para os próximos anos, as chances de casamento aumentam exponencialmente. Se você não souber o que quer fazer com a sua vida, a empresa pode não querer investir para descobrir.
5. O espírito guerreiro define os vencedores
Há uma parcela de estudantes que sempre estudou em excelentes escolas. Possui grande competência em tecnologia, domina dois ou três idiomas. Muitas vezes, esses estudantes ganharam experiências ou intercâmbios no exterior e, desde que quisessem, a família estava lá para municiar em tudo o que fosse ou não fosse pedido. Porém, o grande drama das empresas hoje com os candidatos aos seus programas, é descobrir o que mais interessa: se é o talento e a brilhante formação dos estudantes ou se é a couraça no lugar da pele para enfrentar as intempéries do mundo corporativo. Em diversas ocasiões, o estudante irá conviver com o frustrante “não”. Há muitos jovens que não foram treinados em casa e na escola a ouvir e vivenciar a negativa para as suas vontades. Quem é determinado, sabendo levantar após suas inevitáveis quedas e continuar, tem valor especial para as empresas e sua chance de contratação aumenta bastante.
De tudo o que foi aqui apresentado, certamente, você precisará concentrar a maior parte de suas fichas em sua reputação. Qualquer candidato a estágio tem em sua reputação o seu maior capital, que será o seu passaporte de entrada e de manutenção na empresa. Boa reputação oferece credibilidade ao estudante. E se ele tem credibilidade, adquire a confiança das pessoas. Tendo a confiança de quem está contratando, receberá o crédito da contratação.
Compromisso, perseverança e sucesso na empreitada que agora irá realizar na busca de sua vaga de estágio é a melhor porta de entrada ao seu futuro profissional.

Comunicação assertiva: um dos caminhos para o fim da violência

Por Antonia Braz

A comunicação assertiva requer mudanças de hábitos, cultura e comportamento, pois por meio da comunicação, seja ela verbal ou não verbal, é que nos conectamos com o outro. Dependendo da maneira como nos expressamos, podemos ferir, magoar, humilhar, menosprezar ou diminuir uma pessoa.
A Comunicação assertiva significa emitir uma mensagem seguindo um objetivo, com coerência entre pensamentos, sentimentos e atitudes, ou seja, de forma equilibrada não sendo passivo e nem agressivo com outro.
Podemos minimizar ou até eliminar a violência no mundo se aprendermos a nos comunicar de forma assertiva ou utilizando o método da Comunicação Não Violenta desenvolvida por Marshall Rosemberg, psicólogo americano. Este método nos ensina técnicas de comunicação onde eliminaremos os conflitos e a violência desde que, para isto, seguirmos alguns passos:
1- Analisar o fato verdadeiro ao invés de julgar e rotular as pessoas;
2- Demonstrar sentimentos ao invés de ficar magoado;
3- Falar de sua necessidade;
4- Fazer o pedido da sua necessidade, pois, para Marshall Rosemberg toda violência é oriunda de uma necessidade não atendida.
Como poderíamos colocar este método na prática. Ex.: “Meu marido não esta me dando atenção. Antes de brigar ou fazer julgamento, eu preciso constatar o que está acontecendo e em uma comunicação assertiva e não violenta.
Este seria o diálogo assertivo: “Tenho percebido que você não tem me dado muita atenção ultimamente e isto me deixa muito triste, pois, tenho necessidade da sua atenção porque ela é muito importante para mim. Gostaria de te fazer um pedido quando você estiver muito ocupado. Me avise para que eu possa entender que você não poderá me dar muita atenção”.
Se a humanidade se educar utilizando as técnicas da comunicação não violenta em suas relações com certeza vamos eliminar a violência e o Bullyng no mundo através de uma comunicação assertiva.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Realizar o sonho ou ganhar dinheiro?

Max Gehringer

Há sete meses sou estagiária de uma empresa, mas obtive uma proposta muito interessante para estagiar em outra, de maior porte. Meu supervisor atual me disse que só poderá me liberar em 30 dias, o que me impediria de aceitar a proposta. É isso mesmo, sou obrigada a acatar?
A resposta simples é “não”. Legalmente, você pode terminar o contrato quando quiser e sair de imediato. Porém, há detalhes a considerar além do aspecto legal. Um contrato de trabalho é assinado por duas partes (empregado e empregador). Um contrato de estágio é assinado por três partes (empresa, estagiário e instituição de ensino). Se a empresa na qual você é estagiária tem um acordo com sua escola, sua saída abrupta poderia levar ao rompimento desse acordo, e isso prejudicaria colegas seus. Por outro lado, se você romper o contrato com a empresa sem falar com sua escola, o responsável pelos estágios poderá se negar a assinar o contrato com a nova empresa. Escolas não são obrigadas a assinar compulsoriamente esses contratos, e algumas impõem condições para fazê-lo – como notas, faltas ou comportamento do aluno. Você não está apenas diante de uma decisão de mudar ou não. Está diante de algo que vai ocorrer muito em sua carreira e terá influência nela. Mais que decidir, você precisa mostrar habilidade para administrar uma situação que vai desagradar a alguém.
Meu sonho sempre foi ser professora, mas tenho um emprego de vendedora e ganho o dobro do salário de um professor. Não sei se faço o que gosto ou o que me paga melhor. O que você faria?
Eu não desistiria do sonho, mas o adiaria. Você precisará cortar seu padrão de vida pela metade caso se decida pelo magistério, e isso normalmente traz arrependimentos a médio prazo. Há outro ponto: se você mudar e ficar fora do mercado de trabalho por dois ou três anos, a volta será complicada. Muitas pessoas decidiram trocar o dinheiro pelo sonho e se sentem felizes e realizadas. A diferença é que essas pessoas não ficaram em dúvida, o que não é seu caso. Quem faz a pergunta que você fez intimamente já sabe a resposta.
Fui recém-promovido a chefe, mas deparei com um problema. Sempre fui amigo de meus colegas. Agora que se tornaram meus subordinados continuam me tratando igual. Se peço urgência numa tarefa, ouço uma gozação. Isso é falta de liderança?
Não. Por enquanto, é apenas falta de conversa. Você precisa chamar cada um de seus amigos subordinados para um papo sério e deixar claro que você continua o mesmo, mas a situação agora é outra. A empresa depositou em você confiança para exercer um cargo de chefia. Se continuar a ser tratado mais como amigo que como chefe, é provável que você perca o emprego. Aí, certamente, seus colegas perderão um amigo. Nessas conversas, solicite a compreensão de cada um. Explique que você não deixará de ser um chefe amigo, desde que seja respeitado como um amigo chefe. Os que não entenderem não merecem ser subordinados. E os que deixarem de ser amigos só porque você virou chefe não mereciam sua amizade.

Fonte: Revista Época http://revistaepoca.globo.com/

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A arte de se relacionar

Como as seis habilidades fundamentais que compõem a nova teoria da inteligência social - a capacidade de lidar com as outras pessoas - podem garantir o sucesso na vida pessoal e profissional
Débora Rubin

Sim, o gene da gentileza existe. E, segundo estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, que fez a descoberta, a chance de se nascer com ele é uma em três. Os felizardos portadores do genótipo GG, como é chamado, são aqueles simpáticos, extrovertidos, bem-relacionados e sempre dispostos a ouvir o que os outros têm a dizer. Os demais tipos, AG e AA, tendem à desconfiança e não são lá muito sensíveis às necessidades alheias. Mas se você não se reconhece nos “gegê”, não se preocupe. A arte de se relacionar, cada vez mais apontada como item fundamental para se alcançar e manter o sucesso na vida pessoal e profissional, virou uma espécie de obsessão dos estudiosos do comportamento humano nos últimos anos e do trabalho deles vem emergindo uma série de conclusões mostrando que o destino genético, neste caso, não é definitivo e que existem outras maneiras de adquirir aquilo que a biologia lhes negou. Uma delas é aprimorar a sua inteligência social, um novo conceito que começa a ganhar espaço em consultórios de psicologia, lares e até mesmo nas empresas e que pode ser definido como a capacidade de lidar com as outras pessoas e entender os sentimentos alheios. “Melhorar nossas competências sociais é fundamental para se ter mais qualidade de vida”, afirma a psicóloga Mônica Portella, do Centro de Psicologia Aplicada e Formação do Rio de Janeiro (CPAF-RJ), autora do livro “Estratégias de THS – Treinamento em Habilidades Sociais” e uma das principais propagadoras da chegada de uma era da inteligência social.
O conceito segue na esteira de um outro fenômeno da psicologia, a propagada inteligência emocional – termo que ficou mundialmente famoso nos anos 1990, a partir dos best-sellers do psicólogo americano Daniel Goleman, e se tornou uma espécie de referência para avaliar as probabilidades de uma pessoa ser bem-sucedida. Quanto maior a capacidade de identificar os nossos sentimentos e dos outros, de nos motivar e gerir bem nossas emoções e relacionamentos, maior o coeficiente de inteligência emocional. A inteligência social, por sua vez, está atenta à forma como o indivíduo ocupa seu espaço nos ambientes coletivos. E propõe uma verdadeira ginástica psicológica para exercitar habilidades atrofiadas de convivência. Pelos preceitos da psicologia positiva, quando se treina constantemente determinadas habilidades, é possível ajeitar defeitos de fabricação e construir relacionamentos saudáveis. Segundo especialistas que se debruçaram sobre o tema, são seis as habilidades que devem ser trabalhadas: comunicação verbal, não verbal, assertividade, autoapresentação, feedback e empatia (leia quadros).
PARCEIROS
Adriano Oliveira, do Rio, não conseguia ter uma boa relação
com o filho Lucas. Lançou mão da assertividade, passou a se
expressar de forma clara e honesta e hoje são grandes amigos

Aperfeiçoar a arte de falar e escutar, saber a melhor forma de se portar e vestir em situações distintas, conseguir dizer não quando necessário, dar feedbacks (o popular retorno) sem gerar mágoas e estar atento às necessidades do outro são o que os teóricos da inteligência social chamam de “desenvolver o ouvido emocional.” Essas características pessoais, obviamente, não são novas, nem mesmo algumas das técnicas utilizadas para desenvolvê-las. O que os especialistas fizeram foi reunir conceitos em alta na sociedade contemporânea e formatar uma nova embalagem, tal qual ocorreu com a inteligência emocional. E aplicá-los de uma forma mais direta, de acordo com a necessidade do freguês. O psicólogo Adriano Oliveira, 47 anos, decidiu beber de sua própria fonte, a terapia, para aparar as arestas do relacionamento turbulento que tinha com o filho Lucas, hoje um jovem de 18 anos. Cearense radicado no Rio de Janeiro, Oliveira foi criado dentro de um modelo patriarcal tradicional. Ao copiar seu genitor, quase perdeu o filho. Separado da mãe de Lucas desde que o menino tinha sete anos, ele só via o filho a cada 15 dias, até que o garoto não quis mais ir para a casa do pai. A reconquista aconteceu gradativamente, mas começou quando o psicólogo se deu conta de que não sabia pedir desculpas se exagerava na dose. “Também percebi que não sabia dar carinho, coisa que ele me cobrava muito.” O terapeuta desenvolveu, entre outras habilidades da inteligência social, a assertividade, ou seja, a capacidade de se expressar de forma clara e honesta.
O mundo do trabalho também vem exigindo cada vez mais pessoas com altos coeficientes de inteligência social. Uma pesquisa feita com 46 mil executivos brasileiros pelo Grupo Catho identificou que entre os principais fatores na contratação de um funcionário estão o desempenho dele na entrevista e suas competências comportamentais (curiosidade: fluência em inglês ficou na lanterninha). Segundo Regiane Chaves, responsável pelo recrutamento da indústria de alimentos Nestlé, as competências comportamentais representam de 70% a 80% do que sua equipe avalia durante o processo seletivo. “As habilidades técnicas estão no currículo e são sempre mais fáceis de desenvolver posteriormente; já as comportamentais são mais difíceis”, diz. Regiane conta que, durante a seleção, pede que a pessoa relate algum episódio de um emprego anterior na qual ela teve que lidar com uma situação difícil. “É por meio desse depoimento que vamos ver como ela trabalha em equipe, com as hierarquias, como age num momento de crise.” Uma vez funcionário da Nestlé, há programas de treinamento dessas competências, em especial dos líderes. As empresas estão cada vez mais preocupadas com a inteligência social e emocional de seus funcionários por causa da “guerra de talentos” que está acontecendo no mercado aquecido. “Quando uma pessoa tem um comportamento inadequado, isso ajuda a afugentar talentos – principalmente quando essa pessoa é o líder da equipe”, afirma Regiane.

RETORNO
Fernanda (à esq.), de São Paulo, carrega consigo a máxima do mundo
corporativo de que o feedback deve ser profissional e nunca pessoal


Paulo Almada, 33 anos, engenheiro que mora em Florianópolis (SC), aprendeu a importância de desenvolver a inteligência social nos primeiros anos de profissão. “Buscar conhecimento técnico e atualização na minha área é fácil, está tudo nos livros e manuais”, diz. Já saber se relacionar com os colegas sem perder o foco em brincadeiras e longe das intrigas era um desafio um pouco mais complexo. Almada investiu em um curso focado em desenvolvimento humano e faz do aikido, arte marcial japonesa, seu aliado para manter a atenção. “Já consigo me expressar melhor e, principalmente, ouço mais.” A habilidade da inteligência social mais trabalhada pelo engenheiro foi a comunicação.
O consultor de executivos Dino Mocsányi é expert em capacitar líderes de grandes empresas e levanta a bandeira de que as corporações deveriam investir cada vez mais nesse tipo de treinamento. Uma das maiores dificuldades do mundo corporativo, acredita, são os ruídos de comunicação. “Vivemos em tempos em que todos querem falar e ninguém têm paciência para ouvir”, afirma. A paulistana Fernanda Tonon, 34 anos, que foi gestora na área de tecnologia da informação durante 15 anos, lembra de mais um problema: os chefes que não sabem dar retorno (ou feedback, na linguagem corporativa). “Tive um que vivia dizendo que eu deveria deixar de ser desbocada, mas nunca apontava quais eram as minhas deficiências profissionais”, diz ela, que mudou radicalmente de área e agora usa o que aprendeu com a inteligência social, e a maneira certa de dar e receber retornos, em seu consultório, como terapeuta junguiana.

BEM-ESTAR
Para conseguir treinar a sua empatia e se colocar no lugar do outro – no caso,
seus funcionários –, a carioca Claudia mergulhou nos cursos de autoconhecimento


Saber estabelecer uma comunicação fluida não é tão simples quanto parece. Além de afinar o ouvido e saber a hora certa de se pronunciar, o corpo deve estar de acordo com o que se fala. “Se uma pessoa me diz que está feliz, mas seus ombros estão caídos e o rosto é inexpressivo, fica difícil acreditar no que sai de sua boca”, diz a fonoaudióloga Camille Pinho. O tom da voz, o ritmo, a intensidade da fala e até a roupa usada pelo interlocutor – a tal da autoapresentação, outro item que compõe a inteligência social – podem estar em desacordo com a palavra dita. Saber ler o interlocutor é também parte dessa arte. No entanto, algumas expressões estão passando despercebidas. “Nossas pesquisas revelam que o medo, a tristeza e a raiva têm perdido espaço na sociedade moderna”, diz o especialista em leitura de expressões faciais e corporais João Oliveira, autor do livro “Saiba Quem Está à Sua Frente” (Wak Editora).

Entender os sentimentos contidos nos gestos e captar as mensagens subliminares na fala dos outros era questão de honra para o engenheiro e gestor de projetos Beto Caleffi, 49 anos, de Porto Alegre. Caleffi trabalha numa empresa de tevê a cabo com 450 empregados e viaja o Brasil inteiro para implantar projetos. O diálogo constante com funcionários dos mais variados níveis exige dele maleabilidade. “Se alguém me recebe de braços cruzados, sei que está fechado para mim e tento logo mostrar que não represento uma ameaça”, diz. O empenho, obtido sobretudo no curso de leitura de sinais e no de programação neurolinguística (PNL), rende frutos na vida pessoal. “Você estabelece relações mais verdadeiras, pois não cria subterfúgios para ser quem é”, diz ele, um craque na comunicação não verbal. Seja em casa, no trabalho ou no supermercado, Caleffi tem como mantra fazer o bem para colher coisas boas.

FOCO
Paulo Almada, de Florianópolis, fez cursos direcionados e pratica
aikido, arte marcial japonesa, para melhorar a capacidade de
comunicação e manter atenção total em suas conversas


Esse, aliás, é o lema preferido do consultor e especialista em networking George Fraser. Em seu livro “Click – Dez Verdades para Construir Relacionamentos Profissionais Extraordinários” (BestBusiness), ele aponta como a verdade mais importante a máxima bíblica totalmente ignorada nas relações profissionais: ame, sirva, ajude o próximo. Só assim, diz o autor, é possível aumentar o círculo de pessoas com as quais mantemos relacionamentos saudáveis. “Saber se relacionar é a base de tudo”, afirma Fraser, que escreveu o livro para mostrar que networking não tem a ver com conseguir algo dos outros, mas sim com oferecer o que você tem de melhor. A escola de desenvolvimento humano deste americano de 66 anos foi a própria vida. Órfão e sem grandes expectativas, ele decidiu desafiar os que lhe aconselharam a fazer um curso técnico e se dar por satisfeito. Conseguiu cursar uma universidade, virou executivo de multinacionais e deixou a promissora carreira para abrir sua própria consultoria. “Muito cedo eu percebi que se fosse legal com as pessoas, ouvisse mais, sorrisse mais e servisse mais, teria ajuda”, diz. “E elas começaram a me ajudar.” O americano percebeu sozinho que a chave do sucesso seria cultivar relações. Talvez ele seja um felizardo “gegê”, o gene da gentileza.

No estudo conduzido pela cientista Aleksandr Kogan, 23 casais com o mapeamento genético traçado foram filmados na seguinte situação: um contava ao outro um momento difícil de sua vida. A filmagem tinha como foco o ouvinte. As imagens foram, posteriormente, exibidas para desconhecidos que tinham que apontar quais eram os mais solidários à história que estava sendo contada e quais não pareciam se importar tanto. Os mais preocupados eram – bingo! – os “gegês”. O estudo é um desdobramento de um trabalho feito anteriormente pela americana Universidade de Oregon, que descobriu as variações genéticas ligadas à oxitocina, o hormônio envolvido nos processos de vínculo afetivo, empatia, conexões sociais. As descobertas podem ajudar no tratamento de distúrbios como o autismo, já que os AA e os AG correm mais riscos de desenvolver a síndrome. A forma como a genética afeta o comportamento, entretanto, ainda é pouco conhecida. Sarina Rodrigues Saturn, da Universidade de Oregon, lembra que qualquer um, entretanto, pode superar seus genes. Afinal, não é todo mundo que nasce com inteligência social em abundância, caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de outros personagens notórios (leia quadro ao lado). E dá um conselho sobre quem não nasce “gegê”. “Tudo o que essas pessoas precisam é de um pouco de estímulo para saírem de suas conchas.”

ATENÇÃO
O gestor de projetos Beto Caleffi, de Porto Alegre, usa a comunicação
não verbal: lê expressões corporais e faciais para compreender
melhor os funcionários da empresa onde é sócio

Os primeiros ensinamentos sobre relações começam na infância. É de pequeno que se deve aprender a interagir de uma maneira saudável. “Esse primeiro momento é fundamental para o desenvolvimento psíquico e neurológico do ser em formação”, alerta o psiquiatra Ricardo Krause, especialista nas relações entre pais e filhos. “O estímulo externo orienta o caminho que os neurônios vão tomar na formação do cérebro.” Uma boa dica para os pais é falar sobre suas próprias emoções e sobre os sentimentos dos outros. De preferência, antes dos oito anos de idade. É o que aponta um estudo feito pela Universidade de Sussex, da Inglaterra, que mostrou que as mães que conversam sobre o estado mental e emocional das pessoas e delas mesmas criam filhos com uma inteligência social maior – mais atentos, empáticos e com uma compreensão mais ampla dos estados emocionas ao seu redor.
A boa notícia é que nunca é tarde para começar. A carioca Claudia Pimentel, 48 anos, virou uma aluna das competências sociais em tempo integral quando, há três anos, herdou uma fazenda de eucaliptos e de gado de corte. Foi preciso treinar, sobretudo, a habilidade social da empatia para entender a mentalidade de seus funcionários e o ritmo de vida do interior. “Queria também ser mais assertiva e dizer não sem ganhar cara feia em troca”, diz. Três anos depois, a vida ficou mais leve. Claudia, todavia, sabe que não pode se acomodar. Afinal, até os “gegês” precisam aprimorar sua inteligência social por toda a vida.

Fonte: Revista Isto É Independente – Matéria de Capa N° Edição:  2200 |  06.Jan.12